Apesar de o Brasil contar com uma população jovem e numerosa, o país enfrenta uma séria escassez de profissionais qualificados para áreas técnicas. Segundo Paulo Twiaschor, dados recentes do SENAI e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), há uma demanda crescente por técnicos em áreas como mecânica, eletrotécnica, tecnologia da informação e logística, mas a oferta de profissionais qualificados não acompanha esse ritmo.
Esse descompasso gera não apenas dificuldades de contratação para empresas, mas também limita as oportunidades de emprego e ascensão social para milhões de jovens que poderiam se beneficiar de uma formação mais alinhada às necessidades do mercado. Entenda!
Como o sistema educacional contribui para esse descompasso?
O modelo educacional brasileiro tradicional ainda privilegia a trajetória acadêmica universitária como principal caminho de sucesso profissional. Desde o ensino médio, os estudantes são pressionados a prestar vestibulares e entrar em faculdades, mesmo que muitas vezes não tenham clareza sobre suas vocações ou perspectivas de empregabilidade. Paralelamente, a educação profissional técnica é subestimada ou mal compreendida, sendo muitas vezes associada a um “plano B”.
De acordo com Paulo Twiaschor, isso gera um fluxo de formação desproporcional: enquanto há excesso de formandos em áreas como direito e administração, faltam profissionais técnicos em TI, manutenção industrial, enfermagem e energia. O resultado é um desequilíbrio entre oferta e demanda que compromete tanto o crescimento econômico quanto o desenvolvimento social do país.
Quais são os impactos desse déficit no mercado de trabalho?
Empresas de todos os portes enfrentam dificuldades para encontrar profissionais com competências técnicas específicas. Isso atrasa projetos, reduz a competitividade e, em casos extremos, leva à migração de operações para outros países com maior disponibilidade de mão de obra qualificada. Além disso, os trabalhadores acabam sendo subutilizados, com pessoas ocupando cargos abaixo de sua formação ou, pior, desempregadas por não terem as habilidades práticas exigidas.

Conforme Paulo Twiaschor, a falta de técnicos qualificados também restringe a inovação, pois limita a capacidade de implementação de novas tecnologias e processos produtivos. Para o Brasil se manter competitivo em setores estratégicos, é urgente reverter esse cenário.
Qual o papel da educação profissional na superação dessa lacuna?
A educação profissional técnica tem o potencial de transformar essa realidade ao oferecer formação ágil, prática e conectada às demandas do mercado, pontua Paulo Twiaschor. Diferente do ensino superior, que muitas vezes é mais teórico e generalista, os cursos técnicos são focados em competências específicas e atualizadas, permitindo que os estudantes ingressem mais rapidamente no mercado de trabalho.
Ademais, a empregabilidade dos técnicos é elevada — estudos mostram que muitos conseguem melhores salários do que graduados em cursos superiores genéricos. Ao democratizar o acesso a essas formações e valorizá-las socialmente, o Brasil pode não apenas reduzir o déficit de mão de obra, mas também promover inclusão e mobilidade social.
Por fim, Paulo Twiaschor explica que o caminho para reverter o descompasso entre a formação acadêmica e as necessidades do mercado passa por uma mudança de mentalidade e por ações estruturadas. É preciso entender que a formação técnica não é inferior, mas complementar e, em muitos casos, mais eficaz na preparação para o mundo do trabalho atual.
Autor: Mikhail Ivanov