Antônio Fernando Ribeiro Pereira, fundador da Log Lab, evidencia que a transformação digital e as mudanças aceleradas no mercado têm exigido que grandes corporações adotem novos modelos de gestão e trabalho. Uma das respostas mais eficazes tem sido a adoção da cultura ágil, baseada em colaboração e flexibilidade. No entanto, implantar essa cultura em organizações com estruturas tradicionais e processos consolidados não é uma tarefa simples.
Como começar a mudança cultural em uma empresa tradicional?
A jornada rumo à agilidade começa com o reconhecimento de que a cultura existente pode estar limitando a inovação e a resposta ao mercado. Grandes corporações muitas vezes possuem hierarquias rígidas, departamentos isolados e processos burocráticos que dificultam a adaptação rápida. Para iniciar a transformação, é essencial criar um senso de urgência e envolver líderes nos primeiros passos. Por isso, a criação de pequenos laboratórios de inovação ou equipes-piloto ágeis pode ser um primeiro passo seguro
Por que a resistência dos colaboradores é um dos maiores obstáculos?
Um dos desafios mais complexos na implantação da cultura ágil é a resistência interna. Muitos colaboradores estão acostumados com papéis bem definidos, fluxos de trabalho previsíveis e recompensas baseadas em estabilidade. Antônio Fernando Ribeiro Pereira frisa que a transição para um modelo mais dinâmico e colaborativo pode gerar ansiedade e desconforto. Para superar isso, é fundamental investir em treinamento contínuo, coaching e mentoria, ajudando os times a entenderem o propósito da mudança.
Como manter a consistência entre agilidade e governança corporativa?
Ao mesmo tempo em que buscam agilidade, grandes empresas precisam manter padrões de compliance, segurança e governança. Esse equilíbrio nem sempre é fácil, especialmente quando áreas regulatórias impõem restrições rígidas. O caminho está em redesenhar processos de forma a manter a conformidade sem perder velocidade. Isso inclui a criação de frameworks híbridos que combinam práticas ágeis com controles corporativos. Automatização de processos repetitivos e revisões regulares com stakeholders-chave são estratégias eficazes.

Qual o papel da liderança nessa transformação?
De acordo com Antônio Fernando Ribeiro Pereira, a liderança é peça central na construção de uma cultura ágil. Líderes precisam modelar comportamentos como transparência, colaboração e abertura ao feedback. Mais do que apoiar a mudança, eles devem vivê-la no dia a dia, incentivando autonomia e tomando decisões descentralizadas. Essa mudança de postura exige maturidade emocional e habilidades que nem todos possuem naturalmente. Programas de desenvolvimento de liderança ágil tornam-se, então, indispensáveis.
Como medir o sucesso da transformação cultural?
Medir a evolução da cultura é tão importante quanto implementá-la. Embora resultados financeiros e produtividade sejam indicadores relevantes, eles nem sempre capturam mudanças culturais profundas. Métricas como satisfação dos colaboradores, tempo médio para lançar novos produtos, taxas de retenção de talentos e número de iniciativas colaborativas podem oferecer insights valiosos. Pesquisas frequentes de clima interno e retrospectivas regulares permitem ajustes contínuos.
Como construir comunicação eficaz em uma cultura ágil?
Na transição para uma cultura ágil, a comunicação clara se torna um pilar fundamental. Em ambientes tradicionais, as informações costumam fluir de forma vertical e controlada, enquanto a agilidade exige trocas horizontais, rápidas e transparentes. Muitas vezes, a falta de alinhamento entre equipes gera retrabalho, perda de foco e frustração. Para resolver isso, é essencial estabelecer canais de comunicação padronizados, como reuniões curtas diárias, quadros visuais compartilhados e ferramentas colaborativas digitais.
Até onde vai o potencial da cultura ágil nas grandes corporações?
A transformação cultural rumo à agilidade é um processo longo e complexo, mas plenamente viável para grandes corporações dispostas a investir tempo, recursos e energia humana. Antônio Fernando Ribeiro Pereira destaca que os desafios são reais, mas os sucessos demonstram que é possível conciliar inovação com escala. Empresas que conseguem incorporar a agilidade como parte de sua cultura tendem a responder melhor às demandas do mercado e a atrair talentos do futuro.
Autor: Mikhail Ivanov