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maio 10, 2024
Brasil

Mansões compartilhadas: como funciona esse mercado de luxo no Brasil

O mercado de casas de luxo compartilhadas, em que cada comprador paga uma cota do valor total e pode usufruir do imóvel durante uma determinada quantidade de dias por ano, vem se expandindo. De acordo com o estudo “Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil”, publicado pela Caio Calfat Real Estate Consulting, existem 180 empreendimentos do tipo em todas as regiões do país – número superior aos 156 registrados em 2022.

O levantamento aponta que o número de casas e apartamentos em multipropriedade à venda teve um aumento de 14,6% – de 22.398 em 2022 para 25.672 este ano, acompanhando também o valor da fração imobiliária, que cresceu 23,2%, chegando a R$ 66,7 mil em média em 2023. Mas por que as mansões de luxo compartilhadas vêm atraindo cada vez mais interessados? Empresas que oferecem o serviço e quem o utiliza contam à Casa Vogue as vantagens do modelo de negócio.

A Lei nº 13.777/2018 define o conceito de multipropriedade como “o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos proprietários de forma alternada”, entre outras regras.

Roberto Pinheiro, CEO da MyDoor – que oferece cotas em propriedades de luxo nos estados de São Paulo, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte desde maio de 2022 – explica como funciona o conceito de “segunda casa compartilhada”.

“A gente compra a casa de uma empresa e divide em no máximo 8 proprietários, que pagam 1/8 do valor total. Isso dá direito a utilizá-la 44 dias por ano”. As cotas oferecidas variam de R$ 230 mil (com 88 m² em Campos do Jordão, no interior de SP) a R$ 1,96 milhão por uma mansão de 783 m² na Riviera de São Lourenço, no litoral norte de São Paulo.

Ele aponta as vantagens desse tipo de negócio. “São destinos desejados, lugares que os proprietários querem ter uma casa, mas eventualmente não a usariam tanto, além de um custo mensal muito alto de manutenção. A gente cuida de toda a gestão, decoração, manutenção e o serviço desta casa, e os proprietários racham a conta mensal, sem dor de cabeça. É uma solução inteligente”, afirma.

O uso passa por um rodízio entre os donos, para que todos tenham direito em diferentes períodos. “Há algumas regras de reserva: pode-se usar de 2 a 14 dias numa data normal (sem ser feriado nem férias). Nas férias de janeiro e julho ou nos feriados, o período de uso é de no mínimo 3 e no máximo 7 dias. Os feriados são definidos por sorteio entre os 8 donos, alternando de ano para ano: quem foi o número 1, no ano seguinte vira o 8, quem foi o 2 vira o 7 e assim por diante, para ser o mais equitativo possível. Então todo ano você vai ter pelo menos duas semanas especiais: uma de férias e uma de feriado”, detalha.

Pinheiro diz como as casas oferecidas nesse modelo são selecionadas. “A gente tem uma equipe de curadoria, com engenharia e arquitetura para escolher a dedo as melhores casas nos melhores destinos. Tem que ter uma arquitetura legal, detalhes de decoração e, quando não tem, a gente já coloca no nosso projeto para fazer depois”.

Todos precisam seguir regras de utilização, e é possível personalizar o décor. “A gente monta a decoração da forma mais clean possível, sem nada muito eclético que possa desagradar algum dos proprietários. Mas em todas as nossas casas há 8 depósitos: cada proprietário tem o seu e pode guardar suas coisas pessoais, eventualmente itens de personalização também. Se tiver porta-retrato ou quiser usar o seu edredom, por exemplo, pode deixar guardado lá e a gente monta a casa de acordo com o gosto de cada um”.

É possível comprar mais de uma cota do mesmo imóvel, para utiliza-lo por mais tempo, ou adquirir cotas em outras cidades disponíveis. Caso não for utilizar a estadia, é possível alugar para terceiros. “Todos os donos dividem os custos mensais de IPTU, condomínio, conta de água, luz, jardineiro, piscineiro, custos de manutenção da central e serviços, como concierge e hostess dedicadas. Ele paga 1/8 desses custos, como se fosse um condomínio”, diz o CEO da MyDoor.

A origem dos proprietários muda de acordo com a região em que a casa fica. “No litoral de São Paulo, a grande maioria vem do interior do estado. Na Bahia, a maioria dos clientes da Praia do forte a maioria vem de Salvador; Já Trancoso, os clientes vêm de Brasília, Goiânia, Campo Grande e Belo Horizonte”.

Ilha compartilhada

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